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Ascensão

Não quer me dizer seu nome, pelo menos? Não? Não mesmo? Tudo bem. Vamos lá. Onde estávamos? Ah, não importa. Agora eu grudo no espelho feito lagartixa, você vem por trás. Isso, assim.

Nunca imaginei fazer isso num elevador. Cubículo sem nenhum conforto. Mas não é que funciona? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena, disse o poeta. Isso, agora eu deito, os pés na parede, você senta. Cavalinho, isso.

Como? Plantando bananeira? Não sei se consigo. Vou ficar apontando pra baixo, vai ser estranho. Tudo bem, o céu é o limite! Nossa, funciona. Delícia. Só anda logo, não vou aguentar muito.

Agora você se pendura no teto. Isso, é só empurrar o acrílico pro lado. Assim. Você não acha estranho que a porta do elevador não tenha aberto nenhuma vez? Estamos subindo ou descendo? O quê, parados? Nunca. Elevador parado é antielevador, que muito brochante isso. Aperta um botão qualquer aí, vai. Pra subir, de preferência.

Como não pode apertar? Por quê? Estamos parados há quanto tempo? Dois meses?!? Sério? Não estou nem acreditando nisso. Guinness Book, lá vamos nós! Ai que emoção. Agora sou eu que me penduro, sai daí, isso.